O estado da "crise"
Quando as “receitas” das sopas são escritas sem rigôr, e os condimentos vão sendo misturados a “olho”, o caldo mais tarde ou mais cedo fica entornado, embora apareça sempre algum cozinheiro a dizer que quer continuar a comer apenas porque gosta da côr do avental do cozinheiro Chefe. A tal “crise” que dizem estar inspirada por um filósofo Grego, e às vezes se ouve dizer que começou em 2008, parece que por causa de um tal Lheman qualquer coisa, tem para mim três predecessores, a Globalização, o Comércio Livre, e os interesses do Directório Franco-Alemão. Os últimos episódios das medidas gaspares, ditas para remediar as derrapagens da economia no seu todo, serão um dia exercícos de estudo nalguma Universidade livre, pois envolve ao mesmo tempo receitas desonestas e políticos anti-patriotas. Quem tenha trabalhado no sector financeiro, ou afim, devia fazer um esforço para reclamar dos comentadores da praça pública rigor intelectual na análise da situação económica do nosso País, em especial daqueles que dizem ter terapias alternativas para a cura do doente, conservando este na mesma “unidade hospitalar”. É preciso salientar que os Bancos tinham até Julho emprestado às empresas 109,4 mil milhões de euro e deste valor 10,1 mil milhões estão em incumprimento, e que uma enorme fatia deste financiamento tem contrapartidas em dívida ao exterior, alguma obtida junto do BCE à taxa de 1%, que não se compara com a dívida do Estado. Será que num País pequeno, com enormes desigualdades sociais, portanto com muita gente subsídio/dependente, a classe média pode engolir em sêco um “programa de sucesso” financiado em parte pelo BCE a taxas de usura quando o mesmo BCE está a construir uma nova sede em Frankfurt cujo custo estimado em 2005 era de 850 milhões de euro e o derrapanço de custos já vai em 40%? E os Portugueses que não acreditam no Governo depois deste ter falhado em todas as previsões económicas, acham que será compatível com seriedade a aceitação de estarem a ser “julgados” por uns tipos que são tão rigorosos nas avaliações alheias que permitem uma derrapagem de 40% nas obras de conservação da sua própria casa?