sexta-feira, 22 de março de 2013




NÃO HÁ DEMOCRACIAS RAREFEITAS! 
Sou obrigado a anteceder esta reflexão por uma declaração de interesses – Nunca votei em José Sócrates.
Uma das estratégias do comentário político/jornalistico mais básico e mesquinho é do “nos” atribuir a responsabilidade pelo estado do País, querendo envolver toda a gente a fim de retirar aferição ao peso específico de cada um dos actores que por, desonestidade, incompetência ou cegueira ideológica contribuiram para o estado das contas nacionais, que não é bem o mesmo do que o estado das contas públicas, o que todos têm a obrigação de entender. O côro de protestos sobre o regresso de Sócrates aos ecrans da rtp, que abrange não apenas os apaixonados cidadãos comuns que o amam/odeiam mas também os Partidos que suportam o Governo, para além de arma de arremesso ideológico, parece fundar-se no desejo/receio de que ele regresse à ribalta política. Percebe-se o receio, fazendo um pequeno esforço para lembrar quantos políticos portugueses transitaram dos ecrans televisivos para funções governamentais; para simplificar lembremos, desde Durão Barroso a Paula Teixeira da Cruz. A discussão redutora, àcerca das consequências da crise financeira internacional iniciada em 2008, sobre Portugal, um pequeno País com uma frágil economia decorrente de um precário tecido empresarial, é lamentável, porque intelectualmente desonesta. O nível sectário das afrontas a Sócrates, não são de estranhar pois refletem o tipo de gente que nos cerca, e basta dar o exemplo das declarações de há dois dias atrás do terceiro homem mais rico do País vindo dizer que “sem salários baixos não há empregos”, enquanto em Lousada, Cavaco Silva presente na inauguração das novas instalações da marca alemã Leica, afirmou que “a precariedade e, por esta via, a manutenção de salários baixos não são solução para os problemas da economia portuguesa, sobretudo quando servem para colmatar insuficiências de liderança, lacunas organizativas ou falta de inovação”. Numa Democracia, não faz mal que o Engº Belmiro rejeite a carapuça tecida por Cavaco, mas quem não pode ser silenciado é um cidadão que embora subtilmente acusado de ter praticado muitos “crimes” todos desconhecem qualquer acusação fundada e formal.